sábado, 4 de agosto de 2007

Foi assim... Vodka com laranja




































Foi assim.....










Durante o mês de Julho estive de férias, escolhi como sempre o nosso Algarve e o local para onde vou há cerca de 30 anos - Vila Moura.





Aproveitei para recuperar energias após mais um ano de árduo trabalho na área da saúde, cheio de controvérsias e com um ministro como voçês sabem. Não é o serviço que é árduo é o não conseguir ouvir mais aquele ministro....





Bom mas dizia eu que nas férias além da praia , das longas caminhadas a pé, das noites bem dormidas, dos óptimos jantares, de umas saborosas caipirinhas etc. também gosto de ler.




Havia em Vila Moura a Feira do livro, obrigatório visitar claro.




Fui com o meu marido à feira e à entrada destacava-se logo grande cartaz, como é evidente o "polémico" livro da ZS. Foi assim, que na altura já os jornais e revistas davam como esgotado, mas não senhor , não faltavam na feira.




Fico admirada quando o meu marido resolve comprar o livro, foi a nossa primeira discussão nas férias, eu achava e acho que em termos de valores tanto faz comprar aquele como o da Carolina ou do Pinto da Costa ou outra qualquer banalidade que aparece hoje em dia constantemente.Como sei que ele nunca compraria esses livros daí o meu espanto, mas estava enganada comprou-o e leu-o todo de seguida, fazendo para mim comentários altos que me irritavam porque devo dizer eu antipatizo mesmo com ZS.





Bom, eu acabei as minhas leituras pendentes e não me restava mais nada para ler e como detesto ir para a praia sem um livro dentro do saco, toca de pegar no Foi assim.





Quando começo esta leitura fiquei logo um pouco admirada pois venho a saber que a ZS não só é da minha idade, como fez o mesmo percurso escolar que eu no Liceu Carolina Michaelis no Porto.





Não me lembro absolutamente nada dela, aquele liceu catalogava as alunas por turmas, quando se era boa aluna ficava-se na turma A, e a seguir conforme as professoras entendiam seguia-se a turma B e C etc.





Fui sempre aluna da turma A, mas fui também uma das alunas mais mal comportadas do liceu, valiam-me as boas notas que sempre tive ( entenda-se por boa mas muito boa nota no liceu Carolina os 12, 13 e 14 valores, nunca mais que isso).




Fiquei a saber pelo livro que a ZS era da turma C.




Mas como ia dizendo começo a ler o livro e a ideia que tinha da ZS foi-se modificando, não entendam para melhor, o "FOI ASSIM" poderia ter sido diferente, se a ZS desse conta do mundo que a rodeava e da forma como muitos mais novos que ela tinham visto o Comunismo, mas a Z concentrou-se na sua dedicação sem limites aos ideais do PCP e do movimento comunista internacional.












Zita nascida em 1949. aderiu ao Partido Comunista Português em 1966, em 1982, é a responsável pela apresentação no parlamento de legislação sobre o aborto, para além de destacada pelo PCP para a criação do Partido Ecologista "Os Verdes".






Afasta-se do PCP antes da queda dos regimes comunistas, e é a mais conhecida dissidente do partido, em virtude do julgamento em praça pública que lhe foi movido, e que culminou com a expulsão em 1988 da Comissão Política, primeiro, e do Comité Central, depois.






Ainda em 1988, publica o livro "O Nome das Coisas" ao qual se refere como reflexão em tempo de mudança





Em Março de 1989, fez a cobertura para o jornal Expresso das primeiras eleições livres na URSS





ZS que faz questão de no livro dizer que sempre foi agnóstica, fez então uma grande mudança, deixa de ser comunista por uma questão de fé, adere ao PSD por uma questão de poder, aeixa de ser feminista por uma questão doméstica e adere à tradição católica por uma questão de má-fé.


É um percurso longo e difícil o de ZS. Começa na esquerda, passa pelo centro e acaba na direita, mas em comparação o percurso de Durão Barroso é mais longo, no entanto muito mais fácil: Começa na extrema esquerda e aterra na extrema direita. No princípio a pé. A seguir anda de jacto. Ambos são valorosos viajantes. Qual deles o mais intrépido.















Declarações da ZS





Quando fiz uma declaração a dizer que já não era comunista, disseram-me: "Pareces a Cândida Ventura". Fiquei muito chorosa, mas houve alguém que me disse: "Isso para si devia ser uma honra." E aquilo bateu-me. Senti-me burra, ridícula. Porque eu devia era ter sido a Cândida Ventura, saído quando ela saiu, em 1976.





Entrevista a Zita Seabra ao DN





08 de Julho , 2007










"Fui uma mulher-a -dias do PCP"










P:Algumas das vítimas eram-lhe próximas. A sua amiga Sita Valles, brutalmente assassinada em Angola em 1977 a mando de Agostinho Neto, por exemplo.










ZS:Aquilo que aconteceu à Sita Valles foi o que aconteceu à dissidência em qualquer parte do mundo. Foi tão chocante e brutal... Ela estava grávida, foi violada e torturada, deixou um filho sem pai nem mãe. Mas não provocou nenhum frisson no PCP. Falei disso com o dr. Cunhal e logo a seguir ele publicou no Avante! uma nota a dizer que tinha sido "para pôr ordem na casa". Era assim










P:Não denunciar, não se demarcar daquilo que aconteceu não é ser cúmplice?










ZS:É, mas ser comunista é ser cúmplice do que é o balanço do comunismo.










P:Disse ter ficado aliviada quando, em 2000, Manuel Maria Carrilho se demitiu do Ministério da Cultura. Sentiria, hoje, o memo em relação a Isabel Pires de Lima?





ZSQuem?










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