quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Romaria da Srª d'Agonia

Ouço a tua voz ...
Na alegria forte da gente minhota
O sol brilhando em teus arraias
O estralejar dos foguetes a canção da gota
O ribombar dos bombos a música dos gaiteiros
Nas ruas esquecidas de tempos medievais
Anunciando as Festas a tantos forasteiros !
Ouço a tua voz ...
Quente da terra, terra de meu pai
Saudade berço palavra mãe
Que se cola aos amigos às coisas
À família à terra - Nai
A este cantar de Viana
Que de menino e moço rapaz
Me seduz e cativa e atrai !








Cerca de 300 mordomas desfilaram pelas ruas da cidade de Viana do Castelo, abrindo a edição 2007 da Romaria d'Agonia com aquela que será, porventura, a maior "exposição" ao ar livre de ouro no País, já que cada mulher chega a carregar ao pescoço mais de três quilos daquele metal precioso.
(Agência Lusa 17/08/2007)




















Se o meu sangue não me engana
Como engana a fantasia
Havemos de ir a VIANA
Ó meu amor de algum dia
Havemos de ir a VIANA
Se o meu sangue não me engana
Havemos de ir a VIANA











"É VIANA TODA ELA FEMININA
NA SUA LUZ, NO SEU CASARIO,
NO SEU CANTAR, NO SEU VESTIR,
É A VIANA DAS ROMARIAS,
A VIANA DA N.Sª,
A VIANA DO MAR."


















A Romaria da Srª d' Agonia inicia-se hoje 15 de Agosto em Viana do Castelo.



Quando jovem adolescente de 14, 15 anos (há cerca de 40 anos....), esta festa embora eu não fosse de Viana enchia-me de alegria e porquê? O primeiro namorado a sério que eu tive e que depois viria a ser o meu 1º marido e o pai dos meus filhos é de Viana.A vivência das festas d' agonia nessa altura era diferente e digo isto porque a camaradagem e a amizade entre os jovens também eram diferentes.
Não estou a dizer que era melhor, mas diferente era, mais sadia, mais descomprometida, mais ingénua, mais atribulada enfim mais.... mais....




Mas dizia eu que há alguns bons anos atrás eu gostava de Romarias especialmente desta, pensava que estava apaixonada e nada melhor para mim que uma escapadela.

As noites eram propícias para tal, ninguém reparava se jovens da nossa idade andassem toda a noite nas festas.










Começava-se no Jardim D. Fernando e acabava-se na Padaria e Confeitaria Dantas a comer pão quente com manteiga e a beber vinho branco.

Depois era passear sentir a humidade das noites no Cabedelo e recolher com as neblinas matinais de um dia de Agosto.

Juntávamo-nos muitas vezes à beira-rio, no Barco do Porto.

Sentíamos alegria dos sorrisos.
De repente estávamos já em Carreço, o farol de Montedor e as lagunas lá em baixo, entre os rochedos, na praia ... o sargaço de Carreço...

....e as sombras de Cabanas já em Afife com a ausência do poeta.

E ainda em Afife o velho médico Dr. Barrote com brancura anacrónica do seu fato e do seu chapéu e ainda a sua bengala, hirta

Depois no elevador subiamos até ao monte. Árvores adornadas pelas gotas da chuva, o futuro visto do zimbório de Santa Luzia, o presente registado numa photomaton surrealista. Árvores e muros, o templo e o estuário - a cabina. A máquina, um autómato de cinco pernas. A cabeça uma lente. O cabelo um pano negro. O passado cristalizado num minuto.






A SERENATA

........E, quando cessa, num polvilhar de lágrimas, eis o céu descerra o assombro de uma colossal cauda de pavão, agitada de mais cor, de mais luz, saudada numa salva real que faz estremecer o coração, como o rufar glorioso de um tambor de guerra.É a girândola final. No escuro, agora, sobem aos ares as últimas balonas.Terminou a SERENATA.Começou a saudade”.


António Manuel Couto Viana



TRAJES DE VIANA

O Traje "à vianesa" caracterizado pela riqueza de enfeites, das filigranas, das jóias tradicionais é um dos mais ricos e mais bonito do País

A mulher de Viana faz do seu "colo" uma montra de ouro, côr,bom gosto e de bem trajar.
Falar de traje à vianesa é falar de inúmeras variedades de trajes de acordo com a ocasião e o poder económico das famílias.




O Traje de Trabalho ou cotio era usado pelas raparigas de Viana nas lides domésticas ou no campo.

Com este traje usa-se apenas brincos e colar de contas.





O "traje de domingar" que dará origem aos lenços de amor.

Aqui a rapariga usa o primeiro "cordão"que é o mesmo que dizer que já pode namorar.

Passa-se o mesmo se passa com o traje de ir à feira.
Só o "traje de festa", também designado por "traje de luxo" é que "obriga" a rapariga a aparecer "ourada". E isto significa, quando são mordomas, a aquisição do segundo cordão com "peças" (medalhas de libra ou meia libra), borboletas (corações invertidos), a "laça", os brincos "à rainha", a pregadeira das "três libras" e a "Santa Custódia" ou "Brasileira" a lembrar os tempos de emigração.




O Traje de Noiva – obriga ao terceiro cordão, oferta do noivo – um cordão grosso, a "soga", um cordão "de bom cair" pelo seu muito peso.









Trazer nouro no pescoço


Brinquinhos a dar a dar

É bonita gosto dela


Tem olhos de namorar










Havemos de Ir a Viana




"...Se o meu sangue não me engana,
Como engana a fantasia,
Havemos de ir a Viana,
Oh meu amor de algum dia...
Partamos de flor ao peito,
Que o Amor é como o vento
Quem pára, perde-lhe o jeito,
E morre a todo o momento...
Ciganos verdes ciganos,
Deixai-me com esta crença:
Os pecados têm vinte anos,
E o remorso tem oitenta..."


Pedro Homem de Mello

Aqui sou eu












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