sábado, 16 de junho de 2007

S. João no Porto

S. João p'ra namorar

Fez uma fonte de prata;
As moças não vão a ela
S. João todo se mata.






Leve no ar flutua
Doce cheiro a manjerico
É S. João na rua
Convidando ao bailarico.

Às flores da Primavera
Vem logo o calor do Verão,
A seguir ao S. António
Vem sempre o S. João.

Já fiz à espera do sim
Promessas a São João,
P'ra que ao passares por mim
Tires os olhos do chão.

Ò meu rico São João
Relíquia do velho Porto,
Ando louco de paixão...
Dá-me um pouco de conforto!

Fiz um altar de algodão
Com muito amor e carinho,
Para albergar São João
Junto com seu borreguinho.

O meu amor foi-se embora,
Como sofre o coração!
- Não sei que fazer agora,
Ajudai-me S. João.

Anda daí ó trigueira,
Olhos negros de carvão,
Vamos saltar a fogueira
É noite de São João!

Se há uma noite de grandes festejos no Porto, é de certeza a de 23 para 24 de Junho.



cascata de São João

Segundo o Historiador Hélder Pacheco, as primeiras cascatas no Porto aparecem no século XIX. “o pai e a mãe das cascatas foram os presépios, que surgiram em Portugal nos finais do século XVIII”. “Antigamente”, explica o historiador, “pegava-se num presépio, substituia-se a sagrada família e os reis magos pelos santos populares e tínhamos uma cascata”.

O Porto em si é uma cascata

No altar do S. João
Nasceu uma cerejeira...
Quem seria o bem-ditoso
Que lhe comeu a primeira?...

Dois séculos depois, a tradição mantém-se. As cascatas, o alho-porro, o manjerico, o martelo e a sardinha assada, fazem parte das festas de S. João.
O dia 24 de Junho data de nascimento de São João Baptista, santo padroeiro de muitas terras é festejado na cidade do Porto mais do que em qualquer outro lugar.
No S. João a festa de puro cariz popular dura toda uma noite, com uma cidade inteira na rua, em alegre e fraterno convívio.
A farra começa com uma boa sardinahada e um caldo verde. Os balões feitos em papel colorido passeiam no ar, há um cheiro caractetístico impregnando as ruas, mistura de gente, manjerico e erva cidreira e fogo de artifício ilumina a noitada.

Como tenho saudades dessa época.
Estavamos na década de 60, saíamos de casa por volta das sete da tarde, eu o meu irmão que é dois anos mais velho e uma empregada para nos acompanhar - a Custódia. O ponto de encontro com o restante grupo era em Antero de Quental em frente à papelaria Torres, não sei se ainda existe. Aí o restante grupo juntava-se a nós, tudo colegas do liceu, a Custódia juntava-se ao namorado e lá íamos cada um para seu lado combinando as horas a que estaríamos de novo naquele local para regressarmos a casa.

Aspecto das ruas do Porto em noite de São João

Ó amor dá-me os teus braços
Qu'eu dou-te o meu coração;
Ando preso(a) por abraços
nas Fogueiras do S. João

Começavamos na Ribeira, para depois do Fogo de Artifício, todos os anos à meia-noite em ponto, corrermos os quatro cantos da cidade e só terminar ao nascer do sol.
As rusgas de São João espalham-se de bairro em bairro, de freguesia em freguesia.Nas ruas da baixa, que registavam invulgares enchentes de povo, vendiam-se ervas santas e plantas aromáticas com evidente predominância do manjerico, a planta símbolo por excelência desta festa; o alho-porro, os cravos e a erva-cidreira.

Paravamos nos bailaricos de bairro, saltavamos as fogueiras, petiscavamos nas tasquinhas que se espalhavam pela cidade! Viamos as Cascatas S. Joaninas que tinham a imagem do Santo num altar com o seu inseparável carneirinho e um sem fim de elementos coloridos que simbolizavam o arraial, as freguesias e bairros disputavam as cascatas entre si num concurso de beleza e homenagem
Cansados terminavamos com um banho de mar na Foz!
Ao chegar a casa muito depois do nascer do sol, já sentíamos o cheirinho do cabrito a assar com batatinhas louras e arroz de forno que era invariávelmento o almoço do dia de São Jão.







S. João adormeceu
Debaixo da laranjeira,
Cobriu-se todo de flores,
S. João que bem que cheira.

Na noite de S.João
Vou fazer uma fogueira
Com folhas de verde louro
Com rosmaninho que cheira.

Hei-de deixar ao relento
Uma folha de figueira
Se S. João a orvalhar
Hei-de encontrar quem me queira.

-Donde vindes S.João
pela calma, sem chapéu?
-Venho ver as fogueiras
que se fizeram no céu!

-S.João, donde vindes,
que vindes tão orvalhado?
-Venho de regar as flores
daquele jardim sagrado.

S.João perdeu a capa
no caminho do estudo;
juntem-se as moças todas
comprem-lhe uma de veludo!

«Se queres comigo bailar
Menina, fá-lo com jeito,
Eu não quero amarrotar
Os balões que tens no peito!»

1 comentário:

Filipa Seixas disse...

avó eu na noite de S.João estive no porto e aquilo é muito giro e engraçado... toda a gente devia ir..!| é para todas as idades e para toda a gente. bjinhus da tua neta!